sábado, 31 de dezembro de 2011

2011-2012

Não gosto de pensar no ano de 2011 como o ano "fácil de esquecer por ter sido o ano da crise" como apregoam os jornalistas, que no meu ver, fazem a crise 3 vezes pior do que como ela está. E para ser sincera, não notei que a crise tivesse atingido a minha família. As coisas vão aumentar de preço, é óbvio que aí teremos de gastar mais, mas nunca faltou trabalho cá por cá casa, e muito menos vontade de trabalhar, e a mim ninguém me tira da cabeça que uma das grandes razões pelas quais o país está no buraco em que está é porque grande parte dos portugueses não tem vontade de trabalhar (tirando os que trabalham contrariados e são umas bestas para os clientes, ainda ontem tive de me exaltar com uma senhora da Rede Expressos).

O pior momento de 2011 foi talvez quando a minha mãe teve o acidente, mas ao mesmo tempo, um alívio por ter apenas ficado com umas cicatrizes que mal se notam. Depois há aqueles que se irão arrastar por 2012, cada vez que tenho de sair de casa e voltar para Lisboa.
E por muito que digam, "ah isto este ano foram só coisas más", eu tive muitas mais coisas boas: o facto de em vez de demorar 2 horas a chegar à universidade demorar 30 minutos, o facto de ter uma casinha acolhedora com vista para a Marina de Cascais e um bocadito do Guincho, as coisas na universidade estarem a correr bem, o coraçãozito ter estado mais ou menos sossegadito nos últimos tempos e ter-me deixado viver a vida sem medo de me estatelar com a mona no chão, nunca me faltou nada.

Portanto, os desejos e objetivos para 2012 são:
- Que a Câmara Municipal de STC arranje a estrada de Santa Cruz antes de o Seatzinho e outros furem ali um pneu;
- Perder 2 kgs;
- Começar a dar umas corridinhas pelas praias de Cascais, assim que tiver tempo;
- Ir ver o Benfica à Luz assim num joguinho bom de se ver, no fim de Janeiro, início de Fevereiro, com o meu rapaz;
- Festejar que nem uma louca com o Benfica campeão;
- Fazer as cadeiras todas, mesmo que as notas não sejam as melhores;
- Comprar um Robot de cozinha;
- Comprar os livros do Jamie Oliver;
- Rezar a S. Pedro que o Verão seja quente e sem chuva;
- Traçar a capa à minha afilhada;
- Ver se o meu rapaz perde uns quilos;
- Ir ao Porto, outra vez.
(Se eu soubesse que o mundo acaba mesmo em 2012, os desejos eram outros, de certeza)

E agora o meu maior desejo, que se vai realizar assim que a minha mãe chegar é: cortar o cabelo! ADEUS CABELO ODIOSO! Vai ficar bem diferente, pelo menos a minha mãe garantiu-me que sim. Amanhã choro porque ele ficou ainda com mais volume, apostamos?

HAPPY NEW YEAR!

with Love,
Li.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Que giro...

O início desta música...



... e o desta...



...têm o seu Q de semelhança. Talvez seja porque foi o Rob Swire que produziu ambas. Dá-lhe Swire =P

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A partir de dia 2 de Janeiro estou oficialmente de dieta!
Não foram propriamente os doces, foi aquele maroto daquele queijo de Seia (metade por minha conta com pãozinho quente), o arroz de perú (repeti quatro vezes, a minha mãe já berrava comigo - Vais rebentaaaaar!). Depois os doces já não cabiam, não é?
E agora, que vem aí o Ano Novo, a minha mãe diz-me "Estive a pensar e vou fazer uma cataplana para a Passagem de Ano com pão frito".
Ohhh mundo cruel! Vem-me tudo parar às ancas!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A Ementa

Dia 24

Entrada: Ovinhos de Codorniz enrolados em Presunto e Paté de Atum ou Sapateira (ainda não está decidido) com Tostinhas de Alho
Prato Principal: Bacalhau cozido com batatas, feijão verde, cenoura e grãos, com o bom do azeite e vinagre (que eu não vou, de todo, provar) e Salada de Polvo (este sim!)
Sobremesas: Filhós, Farófias e Tronco de Natal (que indica ser uma torta de cenoura com cobertura de chocolate e raspas de côco)
Outros: Vinho Emerlinda de 2006 (o pai disse que a garrafa já estava ali à muito tempo, e eu sugeri que a abrissemos no Natal), cházinho ou cafézinho.

Dia 25

Entrada: Queijinho de Seia com Pãozinho feito pela avó e bisavó (metade do queijo é para mim *.*)
Sopa: Canjinha de galinha (que deve ser brutalmente assassinada pela minha avó amanhã ou sexta)
Prato Principal: Arroz de Perú e Bifinhos enrolados com castanhas e tâmaras e batatas doces fritas
Sobremesas: Sonhos de Abóboras, Sericaia e o que sobrar da outra noite
Outros: O meu tio deve trazer vinho do dele, já que o do meu avô é azedo como tudo, e a não ser ele, mais ninguém o consegue beber, cházinho ou cafézinho no Café dos meus padrinhos.

Este ano decidimos caprichar na comida e deixar as prendas de lado. Tivemos um grande susto há pouco mais de uma semana, e talvez também por eu fazer visitas de médico a casa aos fins-de-semana, começamos a dar mais valor ao tempo que estou cá.
É tempo de dar valor ao bom que temos, dentro destas quatro paredes.

Já agora, alguém é servido? =) 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Não tem piada nenhuma, mas é ela própria que diz...

- A Mãe Natal este ano tem um olho à Belenenses.

Ela parte-se a rir e nós ficamos com cara de parvos a olhar para ela, do tipo "Não tem piada."
É a maneira dela, e ainda bem. Nós... continuamos com o coração nas mãos cada vez que ela sai.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Gosling, do you wanna be my best friend? Uhhhh *.*

Acho que vou fazer uma compilação de todos os filmes em que o Ryan Gosling aparece e devorá-los nas pseudo-férias do Natal.
O homem deixa-me crazy, stupid e in love. É assim.
Está aqui a desenvolver-se uma qualquer crise de adolescente, com um amor platónico.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Já que a Disartria pouco ou nada quer ter comigo...

...vim aqui, que há muito que não vinha.
E porque a melhor parte do dia é sempre quando me deito no sofá e oiço a minha música, aqui fica uma daquelas que oiço 1000 vezes por dia e uma daquelas que têm versos que não saem da cabeça. (P.S. a rapariguita que canta tem um diastema gigantesco =] ).





Promises, Nero in Welcome Reality (2011)

"Promises, and they still feel all so wasted on myself."

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Das coisas que eu me lembro...

Os meus pais acham melhor contratarmos uma daquelas empresas que fazem mudanças dos nossos queridos bens. Eu também concordo.
Quando estava aqui a pesquisar empresas dessas que fizessem um orçamento mais ou menos em conta lembrei-me "Ai, se o Ryan Gosling entrasse na personagem que fez no Blue Valentine e me levasse as coisinhas é que era bom!"
Ando fresca, ando!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

De há uns tempos para cá, ando com a pancada de ir viver para Londres se não encontrar emprego em Portugal.
Sinceramente, a vontade é cada vez maior. E de ir já hoje. Deixar tudo para trás, levar 3 pares de sapatos e umas camisolas e ir-me embora daqui, sem olhar para trás.
Estou a chegar aos meus limites de paciência.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Estou a começar a panicar...

É porque dia 31 vou ter de entregar a chave desta casa ao meu senhorio, o que significa que até esse dia tenho de conseguir arrumar tudo o que está aqui em casa (pratos, panelas, copos, chávenas, formas, decorações, cambalhotas, cadeiras, mobílias, roupa...) e nesse mesmo dia tenho de conseguir levar TUDO para a minha casa nova.
Oh meu Deus oh meu Deus oh meu Deus!!!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Olá Outono!

E olá botas novas que eu fiz questão de estrear hoje!

"May as well let the rain come down
And join the circus of people
While you're there"

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sr. Frio

Volte por favor, e depressa. Eu já não suporto este calor que não é calor, que é alguma coisa abafada que nos corta a respiração, que nos faz suar à entrada do mês de Novembro, que nos faz ficar doentes por causa dos ares condicionados/ventoinhas/diferença de temperaturas.
As minhas roupinhas de Verão já estão a ficar gastas. Significa que no próximo ano vou ter de fazer umas comprinhas extra (bolas, que pena! =D). Ao contrário, as minhas roupinhas de Inverno estão a ganhar bolor, as minhas botas novas em folha estão para ali abandonadas, e nem compro uma pecinha ou outra de roupa porque pura e simplesmente, nem me consigo aproximar da roupa a dar para o quente, e experimentar então é uma coisa totalmente fora de questão.
Já é mais do que altura de o frio voltar. E por muito que não se goste de chuva, ela faz muita falta, portanto, venha também ela.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Às tantas, uma amiga perguntava-me do que é que eu sentia mais falta, estando em Lisboa. A resposta é óbvia para mim, e acho que para toda a gente: dos meus pais e dos meus avós.
Todos nós passamos por aquela fase de "Quero fazer 18 anos depressa para ir viver sozinho." sobretudo quando se vive numa terra pequena, em que as únicas coisas que podemos fazer é ir à praia no Verão, comer um pãozinho bem bom na Belíssima e pôr a conversa em dia, sair sábado à noite no Alex ou no Lança.
Os mais velhos, que concretizavam este sonho primeiro do que nós e aos quais rugávamos pragas por já terem atingido a independência, diziam-nos que nos iamos arrepender de querer tanto ir embora, que quando fossemos, só queriamos voltar para o sítio que nos viu crescer, para os braços protetores da nossa família.
Ora pois eu agora estou no papel dos mais velhos, e é só tal e qual. Agora, o que eu mais quero é que chegue a sexta-feira para fugir à estafa que a minha vida se tornou desde o ano passado, chegar ao meu Paraíso, sair sábado à noite se o pessoal estiver para aí virado, ir comer um bom pãozinho na Belíssima, correr desalmadamente para os braços dos meus pais e dos meus avós.

- E não te custa saberes que secalhar eles estão com um problema qualquer e não te dizem para não te preocupares?

Sinceramente, tudo me custa. Custa-me vir embora e não os poder trazer. Custa-me falar à noite com eles e não os ver, não lhes tocar, não ouvir o meu pai cantar um qualquer fado do Camané, não ouvir a minha mãe contar as cusquices do salão, não ouvir a minha avó atrofiar com o meu avô e ele distorcer tudo o que ela diz porque está cada vez mais surdo, não ver a minha bisavó mimar os nossos gatinhos bebés e dizer as idiossincrasias típicas dela.
Mas eu percebo quando eles não estão bem, pela voz, pelas expressões, pela forma como falam comigo. Os meus pais desabafam muito comigo, sobretudo o meu pai. Preocupa-me mais a preocupação que eles têm comigo.
Talvez por causa dos últimos acontecimentos totalmente devastadores para toda a gente, sobretudo para quem é pai, eles têm mostrado uma preocupação "excessiva" comigo, principalmente o meu pai que, nunca o sendo antes, desde que me mudei para Lisboa tornou-se num pai-galo.
A minha mãe hoje ligou-me e disse-me que ele estava "cheio de stresses" e que era melhor eu lhe ligar para ele se acalmar. (Eu ia dar um saltinho à terrinha, mas houve uma falha de comunicação entre mim e a minha mãe, como até vai sendo habitual, e ficou tudo em águas de bacalhau).
Liguei-lhe. Senti na voz dele que gostou que lhe ligasse. Não o senti com os seus stresses habituais, mas sim com um coração de pai destroçado, como que em solidariedade. Perguntei-lhe o que se passava, e ouvi aquilo que já sabia "Não páro de pensar no X. e na G. A vida para eles deixou de ter sentido, nem consigo imaginar como eles devem estar destroçados. Ainda por cima ando para aqui sozinho, não falo com ninguém, não faço mais nada que é pensar neles. Enterrar um filho deve ser a mesma coisa que enterrarmo-nos a nós próprios, vivos." Deixei-o falar, desabafar, sentir que a filha dele estava do outro lado do telefone e a ouvi-lo com atenção. Tentei fazer com que se sentisse seguro por eu estar a falar com ele. Nestas alturas, o medo começa a contagiar todos os pais. O que é normal.
E também é normal que eles só fiquem descansadas sexta-feira, quando me apertarem até os olhinhos me saltarem.

domingo, 16 de outubro de 2011

Sinto um vazio completamente arrebatador dentro de mim. Não vejo nem oiço sorrisos nos rostos conhecidos. No entanto, há um sorriso que eu não consigo parar de ver na minha mente. Sim, apenas na minha mente, porque este sorriso não vai voltar a aparecer.
Sei que como eu, há muita gente que se está a sentir assim, vazia, completamente arrebatada pela injustiça que a puta da vida nos dá (lhes deu).
A dor não passa. A mim, acabará por passar. A quem cá fica, sem chão, porque agora a necessidade é de ter Céu, é uma dor eterna.
Agora que já estou em mim, já consigo dizer:

Descansem em paz.

sábado, 15 de outubro de 2011

Hoje, a minha pequena terra está de luto

É injusto. É contra a lei da natureza. Os filhos nunca se devem ir primeiro do que os pais. Não é justo os pais verem os seus mais que tudo partir.
Ontem, isso aconteceu da pior maneira possível. Um casal, mais ou menos da minha idade, morreu ontem num acidente de carro. A J. era a mais conhecida, julgo que não há ninguém em Santiago do Cacém que não a conhecesse e que não gostasse dela.
Eu estive com ela na explicação de Matemática há uns anos, e lembro-me tão bem de falarmos sobre os penteados do baile de finalistas.
Fiquei chocada. Ainda não estou bem em mim. Não sei bem o que dizer. Apetece-me chorar, e a última coisa que me apetece fazer é entrar dentro de um carro. A estrada transformou-se numa selva.
A minha mãe ligou-me a choramingar, a implorar-me que tivesse cuidado quer estivesse sozinha, quer estivesse com o D., e mais umas coisas privadas que não vou postar aqui.
A minha avó ligou-me com uma desculpa esfarrapada, às tantas já dizia "Só vens no próximo fim-de-semana, né filha? A avó 'tava mais descansada se estivesses aqui."
O meu pai diz que a vida é uma merda e que não valemos nada, de um momento para o outro voamos. Às tantas revolta-se com Deus - E querem que eu acredite em Deus? Querem?
Eu também me revolto. Revolto-me com Deus, revolto-me com automobilistas que não sabem o que é civismo e revolto-me por acontecerem estas coisas.
Agora, começam os pais, as mães e as avós a ligarem para se certificarem que está tudo bem, que não vamos sair de carro, que vamos ter cuidado, e dizer uma data de frases daquelas que aconchegam o coração.
É o que estes pais não poderão fazer mais. Não poderão certificar-se de que está tudo bem, não vão poder aconchegar os corações. Porque os seus corações voaram para um sítio melhor, esperemos nós.
Hoje não vão haver sorrisos na minha terra. E eu, acompanho o mesmo luto de longe.

És uma puta, Vida. Uma valente puta.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Mama, mas não abuses!"

É uma frase que o meu pai costuma utilizar bastante, e que eu acho que se aplica perfeitamente a comportamentos estranhos que eu ando a observar, em pessoas superiores a nós: - Mama, mas não abuses. Uma coisa, é o respeito que existe entre Terapeutas/Veteranos superiores, e outra é o respeito entre seres humanos. No primeiro, somos todos diferentes e temos que respeitar os demais. Mas no último, lamento, mas somos todos iguais. IGUAIZINHOS. Mas uns com mais educação, e outros com menos.
E fico-me por aqui, dizendo apenas que não me lembro de alguma vez alguém me ter mandado calar, e para miúdas mimadas a minha paciência é nível zero. A melhor: estar num curso e estar aos berros a dizer mal dele (morri.).

É impressão minha, ou este calor fora de horas anda a deixar o pessoal meio congestionado dos miolos, bom-senso, educação, respeito, civismo e afins?

sábado, 8 de outubro de 2011

O que as saudades podem fazer aos pais

Eu - Pai, este mês preciso dos 560€... (olha para baixo, com ar de cachorrinho)
Pai - Sim filha, depois não te esqueças de dar o recibo ao pai (sorri, levanta-se, e vai embora como se nada fosse)

No seu estado normal, começaria a fazer contas à vida e a nomear as 1500 despesas que tem. Mas não. Boa altura para pedir um Yaris, não?!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Se existem os manetas...

... também podem existir os pézetas! Nós somos os pézetas, cada um com o seu pé avariado.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nããããããããããão! Por favor, não!

Ainda não começaram as praxes e já tenho uma bolha em cada pé!
Ok, os sapatos são confortáveis, mas não é o mesmo que usar as minhas lindas Havaianas cor-de-rosa com borboletas.
Como é que eu vou conseguir aguentar os sapatos do traje uma data de dias?!
Cinco pensos rápidos em cada pé e creme, muito creme, daquele que custou um dinheirão à minha mãe e que só eu sei o bem que me faz (fuuu, alívio *.*)!
Pelos entretantos, já pedi à minha rica mãezinha que arranjasse um lugarzinho para a filhota mais linda que ela tem, algures na agenda da M. para no sábado esta me colocar os pézinhos no lugar, arranjadinhos, massajados e perfumados. É que a rapariga tem umas mãos de fada, e é mesmo disso que os meus pézitos precisam, das mãos perfeitas da M.!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A tristeza e a desilusão juntas originam uma dor sufocante

Parte I

E é isto que eu sinto no fim do dia de hoje, depois de perceber e ser testemunha do tipo de pessoas que têm a minha profissão, uma profissão que requer exactamente o mesmo do que todas as todas, mas acima de tudo um respeito mútuo e uma sensibilidade extrema.
Foi exactamente o que eu não vi hoje, numa profissonal de excelência (digo de excelência, porque apenas os profissionais de excelência dão aulas em universidades).
Sempre defendi que os Terapeutas da Fala precisam de se unir para conseguir criar uma Ordem, para conseguir construir mais metodologias de intervenção, mais métodos de avaliação, para em conjunto colocarem o paciente, a pessoa que nos pede ajuda, a pessoa que nos entra pelo consultório a dentro com um problema, sempre em primeiro lugar. Pois então, não  é atacando os alunos de outra Universidade, que por sinal é uma Universidade de prestígio, que uma professora promove a união entre profissionais/alunos, e também não acredito que seja assim que ensine os seus alunos a serem os melhores Terapeutas da Fala possíveis.
Também defendo que somos o espelho dos nossos professores: somos aquilo que eles nos transmitem, somos aquilo que eles nos dão e nos ensinam. Pergunto-me então se dali sairão boas Terapeutas, capazes de respeitar o paciente e de o colocar no topo da pirâmide.
A desilusão pelo facto de haver tanta hipocrisia no meio de uma profissão tão fascinante como a nossa, arrasou comigo hoje.

Parte II

Supostamente, o Terapeuta da Fala não deverá dar erros gramaticais nem em discurso espontâneo. Toda a gente se engana, toda a gente tem um lapso que deixa passar por completo num power point, toda gente bloqueia a meio de uma apresentação, eu por exemplo não digo "vintinove" como toda a gente dita normal, mas sim "vintenove". Mas tenho para mim que, quando fazemos uma apresentação a um auditório praticamente cheio de Terapeutas e futuros Terapeutas da Fala, devemos rever, e voltar a rever, e rever ainda mais. Para além disso, devemos ter o cuidado de preparar um discurso coerente para apresentar ao público. Tudo isto com muito mais rigor do que uma simples apresentação feita para uma determinada cadeira.
Coisas como "alcançe", "poplução", "descobrido", "prontos", "pronto" 14 vezes na apresentação de 18 slides,  enquanto apresenta vira-se para o lado e fala com a colega, e recomeça a apresentação, e pára novamente, são coisas totalmente inaceitáveis, principalmente para Terapeutas da Fala.
Não vão dizer aos miúdos "Olha, vamos jogar à Macaca Descobrida!", pois não?

P.S. Havia um trabalho de 4ºano apresentado hoje, muito parecido com um que fiz no ano passado para a cadeira de Fonologia, no 1ºano. Ooops... Disse bem não disse? 1ºano... 4ºano... Sim é isso. Nada de dificuldades :) 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

We're back

E eu gosto. Gosto muito.
Cheira-me que este ano vai ser fascinante! Temos um montão de estágios, na próxima semana vamos a um Seminário na Caparica, e já andamos metidas com gagos! Já para não falar do facto de "levarmos a voz ao ginásio" em Técnica Vocal.
Pronto. Temos a melhor profissão do mundo e aos poucos vamo-nos dando conta disso.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Meu Amor,

Escrevo-te por aqui, porque percebi que não fazia mais sentido ter-te num mundo à parte (diga-se A Dedicatória ao Saramago), não querendo com isto dizer que não passe por lá de vez em quando.
À muito que fazes parte da minha vida, e por aqui, fala-se um pouco da mesma. Por isso estás bem aqui, no meu mundo.





Whenever I say your name, Sting


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Meninice

Desde cedo, o meu pai fez questão de me comprar uma bicicleta daquelas com rodinhas, para que eu começasse a ter gosto em andar as tardes todas naquilo. Não demorei muito tempo a aprender a andar só com duas rodas. Um dia, o meu pai tirou as rodinhas, lá fui eu toda contente andar na minha bicicleta cor-de-rosa com uma campainha que fazia triiim triiim, mas o meu pai continuava a agarrar-me no banco, até que, sem eu perceber bem como, já estava a andar sozinha e ele a ver de longe.
Depois vieram as experiências, andar só com uma mão, depois sem nenhuma, andar de pé, andar de pé com uma perna em cima do assento...
Sempre adorei andar de bicicleta, mas desde que entrei para o liceu, deixei de ter o mesmo gosto que tinha antigamente (maldita adolescência, só queremos saber de coisas que não interessam nem ao menino Jesus).
Agora, queria mesmo ter uma daquelas bicicletas com o cestinho à frente. Gostava que fosse amarela. Gostava de dar um passeio à beira rio todos os dias ao anoitecer. Não precisava de ter uma campainha para fazer triim triim.
Mas sinceramente, vou ter de esperar mais uns aninhos, até mudar para uma casa num 1ºandar ou com elevador, porque não me estou a ver a carregar com a bicicleta até ao 3ºandar todos os dias, e para a ter no Alentejo, mais vale nem a comprar, porque só lá estou aos fins-de-semana, e aí é para estudar que o tempo é escasso.
Um dia vou ter uma bicicleta com cestinho à frente. Ahh, se vou!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O blogue adoeceu...

tal como eu. As constipações são coisas que me tiram a paciência: querer respirar e ter de abrir a boca para o fazer, estar a falar e entre cada duas palavras tossir, as dores no peito por causa da tosse que de vez em quando trás um vómito atrás, a voz nasalada, uma dor de ouvido tão profunda que parece que alguém me tenta arrancar a Trompa de Eustáquio, os comentários "Puxa, isso está mesmo mau. Tens de ir ao médico." e sobretudo a falta de apetite.
No ano passado, enfiaram-me uma máscara e mandaram-me sozinha para uma sala onde estava uma míúda que não devia ter mais do que 8 anos, nós as duas sozinhas e assustadas. "Pode ter Gripe A, portanto vai ter que pôr esta máscara." foi o que a simpática recepcionista do hospital me disse. Resultado: gripe A uma ova. Uma constipaçãozinha porque tinha apanhado uma chuvada no dia anterior e a roupa ficou encharcada durante toda uma tarde. Como a minha bisavó me disse - Filha, pareces um pinto acabado de nascer!
Desta vez, foi um Ar Condicionado que deu cabo de mim, e um dia de praia em que o nevoeiro cai de repente na Samoqueira e o pessoal começa todo a enrolar-se nas respectivas toalhinhas. O meu problema foi deixar andar e só três dias depois tomar um comprimidito que não fez absolutamente nada. Depois veio a febre, que trouxe a sua amiga dor de cabeça, que para não se sentirem sozinhas trouxeram uma boa dor de ouvidos, e, não querendo dizer aquele nome feio, a secreção da mucosa da nasofaringe. E cama com ela!
Julgo que a minha bisavó pensou que aqueles eram os meus suspiros finais, pois sentou-se a senhora ao meu lado, agarrou-me na mão, e muito tristonha sussurou - Não gosto nada de te ver assim. Ai ai. Não gosto não. E fitou-me com olhar de choro, não me largando mais. Só me lembrava daquelas cenas dos filmes em que toda a família rodeia a cama do moribundo para assistir aos seus momentos finais. Comecei a rir desalmadamente.
O que me vale, é que não esteve nem está bom tempo para ir para a praia. Estou branca que nem um carapau acabado de apanhar. Belas férias de Verão que tivemos cá por estes lados.
Mas agora, é tempo de rabiscar um post-it com os afazeres:
1- Deixar as coisas minimamente arrumadas no meu quarto antes de ir para Lisboa;
2- Rever algumas coisinhas do ano passado, necessárias para os anos seguintes e o resto da vida toda;
3- Começar a fazer as malas, porque trouxe tudoooooooooo! Talvez tenha pensado que ia voltar definitivamente. Enganei-me, portanto toca a carregar tudo até às Olaias;
4- Comprar mais livros, porque despachei os livros todos que tinha para ler, e ando doida para ler o "Anjo Branco" do José Rodrigues dos Santos e "O Estranho Caso do Cão Morto" sobre um autista;
5- Pedir com jeitinho uma máquina de café novinha em folha para levar para Lisboa, já que os meus queridos pais se apoderaram da minha, e definitivamente, eu não posso estar sem máquina de café!;
6- Ver se o meu namorado ainda me conhece (há séculos que não me vê) e fazer-lhe os meus petiscos;
7- Comprar prendas para aniversariantes;
8- O mais importante: COZER OS EMBLEMAS NA MINHA CAPA, e comprar um megafone para os caloirinhos nos ouvirem bem.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Odisseia

    
     Penélope, do alto das escadas, seguia a luta ansiosamente. Ela ainda não sabia quem era aquele valente que lutava assim por ela, mas pressentia-o. Custava-lhe a acreditar tamanha felicidade, tão habituada estava já ao sofrimento e à espera desesperada. Mas tinha de ser Ulisses, tinha de ser ele! Só ele lutaria assim desta maneira por amor dela!
     E depois era já o povo todo que acorria e rebentava mesmo as portas, entusiasmado.
     Era o povo que o queria ver, ajudar, lutar ao seu lado.
     E depois era Telémaco, orgulhoso de seu pai e de si próprio.
     E depois era Penélope que Ulisses abraçava para nunca mais deixar.
     E depois era uma história
                      de um herói de mil façanhas
                      chamado U L I S S E S
que viveu aventuras e desventuras e aventuras e desventuras e aventuras por terras e por mares desconhecidos.
     Tão grandes foram essas suas aventuras e desventuras, que ele teve de as continuar vivendo dentro de si próprio, contente por assim ir navegando na grande e inesperada aventura de se sentir feliz.

Ulisses, Maria Alberta Menéres

terça-feira, 26 de julho de 2011

6AYHAS1HA8RU



(Thy mania by I - Ibn Taymiyyah)

       A derradeira.
       Voltou a avaliar o enigma. Em boa verdade, as letras da charada e do nome coincidiam todas. Todas. A excepção era o maldito terceiro y. Onde diabo errara? Cravou os olhos nos dois y da charada, como se a intensidade do olhar pudesse arrancar o segredo que ela escondia. E se... e se... e se a ortografia fosse diferente? Caramba, porque não? Lembrou-se nesse instante que a caligrafia árabe não estava uniformizada na referência a Ibn Taymiyyah e que certos textos usavam esse nome com apenas dois...
       "Oh, Deus, vamos morrer!"
00:04
       O tempo esgotara-se.
       Com os dedos a tremer, Tomás agarrou-se ao teclado e, em desespero de causa, escreveu Ibn Taymiyah com dois y em vez de três. Podia estar errado, mas já não tinha nada a perder. A seguir carregou no enter e cerrou os olhos com força. Embora não fosse um homem religioso, benzeu-se às cegas e entregou o destino à providência, resignando-se enfim à morte.
       O tempo congelou.
       Congelou.
       Congelou tanto que se eternizou. Como nada parecia acontecer, o historiador abriu um olho e, a medo, espreitou o mostrador.
00:01
00:01
00:01
       O relógio parara.

Fúria Divina, José Rodrigues dos Santos

Brindo a nós, brindo aos Avós

E eu tenho muitos a quem brindar. Tenho os de sangue e os do coração. Ao todo são 8. Uns são tios-avós, e os outros são 2 avós, 1 avô, e 1 bisavó (a avózinha).
Por isso, achei que a melhor prenda que lhes poderia dar era estar cá em casa, e encher-lhe as bochechas enrrugadas, mas macias, de beijos, e receber uma gargalhada em jeito de sorriso de volta.
Quem tem avós, tem tudo. E nisso, eu sou uma das pessoas mais sortudas do mundo, por ter sido criada por gente tão boa, tão genuína, tão bonita!

A todos os meus avós, e a todos os bons avós.

Com amor,
Lili =)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Simple things

Há uma coisa que não me sai da cabeça, faça eu o que fizer: estou com uma dificuldade enorme em fazer as cadeiras que não têm praticamente nada a ver com a Terapia da Fala, mas as que têm fi-las todas e as notas não foram nada más. Conclusão: sou burra mas vou ser uma boa profissional, é isso?
Entretanto a minha cabeça, nas poucas horas de descanso, não pára de magicar material para fazer para os miúdos, farto-me de fazer esboços para depois pôr em prática.
Este fim-de-semana fui sair, que a minha cabeça já não podia mais com DPOC's, Asmas, Obesidades, Sistema Nervoso e afins. Não vale a pena estar cá coisas, que onde eu me divirto mesmo é a sair na minha terra, sem apertões enquanto se dança, encontrando pessoas conhecidas e pondo a conversa em dia com o pessoal. É bom e faz bem à alma.
E agora, Seeley, anda cá meu amor!

P.S. Porque é que eu não consigo comentar os blogues fofinhos das minhas colegas amorosas? Não acho bem.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Awesome!

As pessoas querem milagres. Mas milagres não existem. Nem mesmo em sítios onde fazem supostos "milagres". Querem milagres vão à igreja e agarrem-se à imagem da virgem santíssima que até filhos tem, de tão virgem que é.

Bolas, tenho que aprender a controlar esta minha furiazinha quando as pessoas querem milagres, não vá aparecer-me o pai de um puto ou a esposa de um senhor com uma afasia e saltar-me de repente um "Olhe eu não faço milagres. Procure uma terapeuta que os faça." Não era bonito...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Livros. Praia. Donuts. Drum'n'bass. Seat Ibiza. Apontamentos. Pequeno T2. 
Neste momento a minha vida resume-se a isto, mal e porcamente, mas resume-se a isto.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Não poderia deixar de falar sobre isto

Muita especulação existe há volta do acidente do Angélico Vieira. Usou ou não usou cinto de segurança, abusou ou não da velocidade, ingeriu ou não qualquer tipo de drogas ou álcool, rebentou um pneu. Tudo se diz, tudo se confirma (supostamente), mas a verdade só ele saberia dizer.
Também já rebentaram dois pneus à minha mãe. Da primeira, como o carro estava com excesso de peso, o carro não se descontrolou e foi abaixo, quase como se ficasse pregado ao chão. Da segunda vez, ela não ia a mais que 40km/h, o pneu rebentou e o carro começou a descontrolar-se. Acontece que o primeiro reflexo que qualquer pessoa tem é mandar o pé ao travão e travar, e segundo consta isso é das piores coisas que podemos fazer. Ela limitou-se a tirar o pé do acelerador e tentar controlar o carro até este parar. E assim não capotou, mas não ganhou para o susto.
Em relação ao cinto de segurança, confesso que me faz uma extrema impressão conduzir sem cinto, parece que não estou pronta para começar a andar, falta-me um passo e dá-me a sensação que o carro não está pronto para andar. As minhas avós têm muita mania de não pôr o cinto, só porque "Ah, a guarda não 'tá na estrada até Santiago" mas a questão não é a guarda. É uma travagem brusca que seja necessário fazer e a segurança que elas têm é zero. Já sabem que quando andam comigo no carro, não o ligo enquanto elas não tiverem o cinto posto.
Em relação ao excesso de velocidade, lembro-me que quando tirei a carta tinha um pé bem pesado, onde devia andar a 50km/h andava a 80, quando devia andar a 90km/h andava a 120, e quando devia andar a 120km/h lembro-me que uma vez já ia a 170. Mas isso era quando eu ainda não tinha visto metade daquilo que as pessoas que conduzem são capazes de fazer, tal como ultrapassar num traço duplo continuo, eu estar a chegar a um cruzamento e um carro atravessar-se completamente à minha frente, e tantas outras coisas que tenho a certeza que toda a gente que conduz observa, sobretudo a falta de civismo das pessoas. Agora, tento respeitar os limites, sobretudo se levar pessoas comigo. Sou mais descuidada quando estou sozinha ao volante. Ponho os meus CD's de drum'n'bass, pé no acelerador e siga. Mas mesmo assim, sou mais contida na velocidade.
Cada vez que pego no carro o meu pai diz-me "Cada vez que pegas no carro sinto um calafrio na espinha, não é por ti que não conduzes mal, é pelos outros que andam por aí".
Sempre disse que não sei lidar com a morte, ninguém me ensinou. Mas sei que a morte deve ser natural, e ninguém merece uma morte que não o seja.
Só posso dizer que ele tenha muita paz. Ele, e o outro rapaz que morreu e que ninguém fala na televisão.
Muita paz, muita tranquilidade...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Coisas boas da vida#1


Can you stay up for the weekend
And blame God for looking too old
Can you find all that you stand for
Has been replaced with mountains of gold
You cannot dream yourself to notice
To feel pain and swallow fear
But can you stay up for the weekend
For next year

God I can't do this any more
Though I'll be laid down on the floor
As many feet walk through the door
I'm not alone

If I see a light flashing
Could this mean I'm coming home
If I see a man waving
Does that mean I'm not alone

If I see a light flashing
Could that mean I'm coming home
If I see a man waving
Does that mean I'm not alone

If I see a light flashing
Could this mean I'm coming home
If I see a man waving
Could this mean I'm not alone

If I see a light flashing
Could this mean I'm coming home
If I see a man waving
Could that mean I'm not alone
I'm not alone - Calvin Harris, cover by Pendulum

segunda-feira, 27 de junho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

Morreste-me

Hoje.
Decidi escrever-te, como quem não quer a coisa, não só porque sim, mas porque há uns bons anos que me morreste. E hoje é um bom dia para te escrever.
Apetecia-me enfiar-me no carro e conduzir até o gasóleo se acabar, e quando se acabasse, iria até o vale mais descoberto que encontrasse e gritaria o teu nome, que há tanto tempo não pronuncio.
(Que eu quero um abraço.)
Não tenho a quem me retornar, nem sequer tenho o direito a fazer lamentações, a culpa foi minha. Morremo-nos tão completamente que o que ficou foi indiferença, inimizade, raiva, confronto, e desculpa... Mas ficou saudade.
Já não olhamos à volta para ver o nome das ruas. Já não sorrimos se nos vemos. Já não choramos nos ombros um do outro, porque já não somos melhores amigos... (Ah e tu foste o melhor que eu tive!) Nem amigos. Nem nada. É isso! Não somos nada.
(Que eu quero só um abraço.)
Somos uma nuvem negra, daquelas para onde vão os inimigos chorar. Mais eu que tu, que tu nem sabes que existo, porque te morri. Às vezes, na noite escura, vejo uma estrela a brilhar e penso que és tu, que te perguntas como estarei eu, que reclamas por já não me protegeres como fizeste durante tantos anos...
Ainda não caí no erro de ir a sítios proibídos, mas garanto-te que já esteve mais longe disso. É assim, eu gosto de cometer erros e o maior foi cometido contigo.
Sabes, eu não quero o que não tens para me dar. Normalmente as pessoas querem tudo o que os outros não lhes podem dar. Mas eu não. Só quero aquilo que me pertence e que dás a tanta gente. Aquilo que foi meu durante anos e que me faz mais falta do que o ar puro a entranhar-se-me nas narinas.
Não contes a ninguém, mas já me fizeste chorar mais agora do que em anos de vida partilhada. E sim! Fico chateada.
(Que eu quero só um abraço, por favor.)
Não vou sair porque às vezes lá estás tu, com o teu ar de menino, fitando quem vai e quem vem, e tenho parte de mim a querer ir, e outra a querer vir. E não posso, por respeito a quem não sabe.
Fico-me por aqui. Não disse nem metade do que sinto, mas não quero estragar-te o dia, que eu sei que falar de mim é quase como falar no Diabo, e a única coisa que eu queria neste momento é saber se estás bem e abraçar-te caso não estivesses, como era habitual.
Morreste-me, e eu não queria.

Mesmo que não possa,
A tua amiga, sempre amiga... 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Às vezes as pessoas fazem figuras tristes...

...sobretudo quando se dirigem a um amigo e dizem - Epá anda aí uma miúda linda linda linda. Tem assim o cabelo encaracolado, tem umas calças castanhas... Quem é que é? Terá namorado? Ao que o pai da rapariga responde - Sei, é minha filha e tem namorado. (importa dizer que o dito cujo não sabia que o amigo era o pai da rapariga).

Oops. (fodeu gerau)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Se há coisa que me custa, mas custa mesmo, é ver resultados de pessoas que no lugar do cérebro têm cáca de galinha, que esperavam que lhe entregassem as respostas das perguntas para começar a escrever qualquer coisinha numa folha, e depois têm grandes notões. Não sei, mas se calhar até nas cuecas têm cábulas. E eu pergunto-me se é assim que tencionam ser bons profissionais de saúde. Não é inveja nem nada desses sentimentos mesquinhas, é uma constatação do que vi com estes olhos que um dia a terra há-de comer.
Preocupei-me tanto em fazer um material, literalmente perfeito, que me esqueci que tinha de estudar um bocadito. O resultado não foi mau, não foi óptimo, foi aceitável. Mas não me satisfaz. Nenhuma nota até agora me deixou satisfeita. Não sei se é burrice, se é o ambiente que se vive por vezes dentro de umas 4 paredes que eu só tenho vontade de apanhar o primeiro expresso e fugir para o meu lar, se é o facto de passar 3 horas e meia dos meus dias em transportes públicos, chegar a casa e não poder ir logo estudar, visto que há outras coisas que também têm que ser feitas. Não sei o que é. Sei que seria mais fácil se vos tivesse perto de mim.
O meu pai diz que vou ser a melhor Terapeuta do mundo e arredores, porque tenho um grande coração e não são as notas que ditam a prática. Sei que ele tem orgulho em mim, porque mo diz todos os fins-de-semana com uma lágrima prestes a cair do seu olho cor de mel, e não preciso que mais ninguém mo diga, não preciso de ser o orgulho de mais ninguém. Basta-me levar para Lisboa, a frase:
- És uma grande mulher. E um abraço.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Não sei, mas gostava de saber

Não sei olhar para um espectograma com umas manchas pretas e ver os sons que lá estão. Não sei mas gostava e devia de saber.
Não sei onde encontrar informação sobre valores relacionados com a pessoa que pede ajuda. Neste momento eu preciso de ajuda!
Não sei onde ir buscar mais ideias para elaborar material para os miúdos. Calminha hein?! Ainda estamos no primeiro ano de quatro que ainda temos pela frente.
Não sei por que raio temos Sociolinguistica e falamos sobre Crioulo.
Sei que preciso de férias, mas que as vejo tão longe de mim... E também sei que amanhã vou de malas e bagagens, literalmente, acampar no Cais do Sodré há espera que passe um comboio que me leve por caridade até ao Estoril, porque para não variar há greve da CP, e o meu rapaz vai para a boa vida na praia (inveja) logo, não posso levar o carrinho. Temos de começar também a fazer greve de comprar passe.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A minha vontade é deixar de comprar passe, Ponto

Cais do Sodré-Cascais:
- Suprimido
- Suprimido
- Suprimido
- Suprimido
- Suprimido

Estou ligeiramente farta de greves.

Just a little bit

Ando a perder os melhores anos da minha vida agarrada a livros e artigos, e outros afins. É terapia da fala para aqui, comunicação para ali, postura corporal e comportamentos acolá, um fogão, um aspirador, um metropolitano juntamente com um comboio e um 411.
E eu preciso, rapidamente, de férias de tudo isto. Preciso que estas duas semanas passem a correr e de ir para a minha verdadeira casa. Aproveitar o verão, sair, conduzir até a gasolina acabar.
Preciso de um pouco de irresponsabilidade, não peço mais nada.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Desassossego

São lamentações anteriores de quem pensa viver o que já foi vivido, numa rua típica que em instantes se encheu de amor. Pensa-se que nada valeu a pena, e no final da conta do tempo outrora perdido, chora-se... Porque tudo valeu a pena. Não se valorizou, estigou-se, não se sorriu, chorou-se, não se viveu o suficiente para dizer na altura que tudo valeu a pena.
No fim ficam memórias de uma vida inteira, que foi só semi-vivida, e uma vontade de voltar às ruas pelos caminhos mais enredadores que a cidade tem e dar um abraço à esquina que testemunhou o recomeço de uma história... Talvez de uma história de amor.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Estágio - Dia 2

Hoje foi a minha maior prova, como profissional que ainda não sou, mas tive que o ser em termos éticos e sentimentais. Aguentei até chegar a casa, portanto, prova superada. Nestas 4 paredes os sentimentos vêm ao de cima e não dá para aguentar, desfiz-me em lágrimas e não consegui controlar. Não interessa aqui porquê, e é um caso que nem entrará no relatório, mas do qual me vou lembrar até ao fim da minha carreira como Terapeuta da Fala, que ainda nem começou.
Hoje estou de rastos... Não parámos um segundo, das 9h às 16.30h sempre em sítios diferentes. Foi óptimo, foi a melhor experiência que já tive em toda a minha vida, mas ficou aqui aquele buraco negro do Pipoquinha.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Estágio in Luz - Dia 1

Uma coisa é certa, sinto-me mais cansada hoje com a observação de 3 consultas de Terapia da Fala do que numa segunda-feira em que tenho aulas das 9h às 18h com mais 3 horas e pouco de transportes públicos. Os miúdos têm uma energia inesgotável e conseguem sempre mostrar o seu lado mais simpático, mesmo dentro de um consultório com duas pessoas de bata branca de olhos fixados nela.
Foi das melhores experiências que já tive até hoje, e tive a preciosa ajuda da Terapeuta que fez questão de me explicar tudo o que fazia, tudo o que eu não percebia e reforçava o que eu já sabia.
Hoje foi em contexto clínico, amanhã será em contexto escolar. Vamos saltitar entre Olivais, Sintra e Campo Grande.
Por mim era assim todos os dias.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nem sempre a vida de um estudante é feita de party-shows

E por isso, hoje é dia de Serenatas e a Je fica em casa a terminar um trabalho para uma cadeira, perdão... Unidade curricular, cujo nome é Competências Interrelacionais e da Comunicação e cuja utilidade para a profissão futura é cerca de nenhuma.
Vou ler O Erro de Descartes e matar saudades inexistentes da disciplina de Filosofia, da qual me despedi com tamanha satisfação há cerca de 2 anos atrás que até pensei queimar o livro. Mal sabia eu que o maganito ainda me ia fazer falta...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

10 anos depois

Ainda sinto o cheiro entranhado nas tuas roupas, mistura de bagaço e tabaco de enrolar, ainda te oiço chamando por mim quando me aproximava do tanque onde a avó lavava a roupa, ainda sinto os teus braços à minha volta quando caía do baloiço que tu me fizeste por baixo da oliveira ao pé da vinha, ainda te vejo respirar a custo agarrado a uma bomba, ainda te sinto sentado na malhadinha onde eu dormia a sesta à espera que eu adormecesse para que tu fosses aquecer-te junto à lareira, ainda olho para a tua casa e te vejo sentado à porta a mandar uns pontapés numa bola amarela com losangos vermelhos, ainda te vejo a arrancar-me o nariz e eu a acreditar que tinhas mesmo ficado com ele, ainda te oiço a avisar-me - Liana não brinques com o fogo da lareira, olha que fazes xixi na cama!, ainda te oiço a tentar dizer o meu nome e não sair, ainda sinto a dor que senti quando soube que te ias, ainda sinto a doença que senti quando a mãe disse que te tinhas ido, ainda oiço os teus sobrinhos agarrem-se desesperadamente à avó e a chorarem, ainda sinto os braços e o choro miado da avó agarrada a mim após o teu funeral, ainda me lembro que todos os anos choramos por ti, ainda me lembro que todos os anos sinto a tua falta.

Até um dia destes, avôzinho!

domingo, 17 de abril de 2011

3 dias depois ainda existe farinha no meu cabelo - Saga Praxes parte II / Traçadinha

A minha reacção quando de repente começamos a levar com uma água com um cheiro ligeiramente insuportável, umas gramas de farinha e um ovo nada podre em cima dos nossos cabelos secos, oleosos, lisos, encaracolados, ondulados e afins, foi dizer - É uma máscara capilar! Que haveria eu de fazer se não rir da situação? Foi isso que fiz desde o primeiro dia de praxe (6 de Outubro de 2010) até à passada quinta-feira (14 de Abril de 2011). Não posso dizer que não foi dificil, porque foi. A pressão que nos foi posta em cima, de certa forma afectou-nos. Houve lágrimas, houve gritos silenciosos, houve pedidos de ajuda e desabafos sem fim. Mas tenho que referir que tivemos provavelmente dos melhores veteranos que alguma vez alguém teve, isto porque, ao contrário do que muita gente por aí resmunga, eles preocupavam-se connosco. Falando em resmungar, cá para mim deve haver uma menininha ou outra, ou se calhar até ainda outra que vão a Tribunal de Praxes no próximo ano. Ninguém me obrigou a participar nas praxes, eu poderia perfeitamente ter-me declarado anti-praxe, mas não o fiz por um simples motivo, eu gostei das praxes e achei as actividades que fizemos giríssimas (bowling humano é perigoso?! WTF? Morri e nem dei por isso). Estive lá sempre, todos os dias de praxe eu estive lá, tudo o que pediam para fazer eu fazia sem nunca resmungar com elas, podia pensar para mim "Epa que chatice!" mas nunca lhes faltei ao respeito. E como eu muita gente das minhas queridas colegas que suaram naquela relva muitas vezes molhada até que a voz não mais saísse para cantar "Eu sou TF e vou ser toda a vida, AI! Eu como Fisios ao pequeno-almoço e dos TO não sobra o caroço!".
No entanto, houve gente que não soube respeitar a hierarquia que há dentro daquele seio académico, mas pior do que isso, faltaram ao respeito como pessoas. Essas mesmas pessoas, devem ter estado umas 2 vezes nas praxes. Sou sincera, já que trajaram (para mim não são dignas de honrar o traje académico) então pelo menos que vão a Tribunal de Praxes no próximo ano.

A TRAÇADA DAS TERAPEUTAS DA FALA

Leindo! A minha madrinha a traçar-me a capa e eu toda irrequieta a tentr coçar as pernas. Porquê? Porque tinha formingas a subirem-me o pernial.
Foi um dia de grandes emoções. De certo modo, senti que faltava ali metade de mim, senti-me sozinha como acontece tantas outras vezes. Em qualquer das ocasiões não tive vontade de chorar, não sei se estou a perder essa capacidade de deitar água pelos olhos ou o que é. Arrepiei-me quando olhei à minha volta e vi toda a gente vestida de igual, toda a gente de capa traçada, com a música da Tuna a espalhar a melodia pelo jardim. Fotografias aqui, Parabéns ali, Sorrisos acolá. Até que... O sistema de rega se ligou e a malta teve de bazar.
Gostava de pôr aqui fotografias mas o Blog, que é um fofo, não deixa. Có.
Que venha mais festa, que é isso que as Senhoras Terapeutas querem!

P.S. - Sapatinhos lindos e amorosos, só é pena apertarem o meu dedinho pequenino, porque tirando isso... Uff, que alívio!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Às vezes as pessoas são assim, e perdem a minha consideração, Ponto

E a minha professora de Fonética é uma delas.
Provavelmente eu sou uma das poucas pessoas naquela turma que nunca lhe faltou ao respeito, que a defendia quando falavam com ela de uma maneira que nem aos cães se fala, quando ela explicava uma coisa e quando ela perguntava algo as respostas eram risadas mesmo na cara dela.
A sério, gostava mesmo daquela professora. Parecia nossa avó, e eu adoro avós.
Mas hoje, falou-me com tão pouco ou nenhum respeito que perdi a minha total consideração por ela. Pior, é que depois de ter sido ferida por ela, ainda consegui fazer-lhe o meu tipico sorriso e dizer-lhe "Adeus professora!" como se a fosse ver na próxima semana e a palhaçada de gente sem miolos começasse novamente.
Não me parece que tenha culpa de "pensar em alentejano", coisa nada estranha porque sou de lá. As minhas vogais são mais nasaladas do que as das minhas colegas, e de vez em quando salta-me uma palavra ou outra com sotaque. Ao pensar na frase para transcrever, foi tiro e queda, a frase só me saí do pensamento em "alentejanês". Tive que a ler baixinho sozinha para conseguir fazer aquilo. E a única coisa que eu queria era ajuda, era um truque para ser mais fácil transcrever sons sem pensar no meu dialecto. Não queria um "Assim não dá! Vá diga lá" como se lhe devesse 5 contos de réis e um "A X também tem sotaque e não foi por isso que deixou de fazer!". Obrigada, eu também não deixei de fazer, fi-la com esforço mas fiz e sozinha. Mas há algo que eu deixei, ao certo, de fazer: Ter tanta consideração por si como tinha até hoje, por muito que me faça lembrar uma avó. E eu adoro avós.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Saga Praxes parte I

E começou a última semana da minha vida de Caloira Besta Sarnenta Mal-cheirosa Pimba. Começámos bem, ninguém imaginou que haveriam praxes hoje, logo, as futuras Terapeutas da Fala da ESSA foram todas pipizinhas, resultado: roupas boas todas cagadas porque uma coisa (sim, não é uma Terapeuta é mesmo uma coisa) fez o favor de gritar "BOMBA!" e a rapaziada teve que se atirar toda para a relva molhada (coisa que as nossas LINDAS e QUERIDAS Terapeutas estavam a evitar, elas tratam-nos tão bem!).
A minha pessoa fez uma declaração a um Terapeuta e nem lhe viu as fuças, só os sapatinhos que tanto elogiei e que tão rotos estavam! Para além disso andámos a correr atrás de uma bola, agarrámos pessoas, era a única pessoa que não estava pintada, andei a apanhar flores com a Mafi e a distribuir às senhoras Terapeutas, e no fim da tarde senti os meus incharem à grande. Neste momento não sinto os pés. Para a semana será pior! Terça tenho estágio, não me sujem a farda por favor!
Saímos da escola às 19.30h, mais coisa menos coisa.
As resistentes, sempre. Ora digam-me lá se não somos as melhores caloiras que a ESSA poderia ter?! Até andámos semi-ao combate com os caloiritos de Terapia Ocupacional (I fuck you T.O.) e ficámos roxas de cantar tão alto "Ai ai ai ai, AI AI AI! Fala eu te adoro! Contigo estarei enquanto estudar, quando eu te deixar eu choro"!).

Para Sempre, é muito tempo

Era uma vez uma dor que se chamava Para Sempre. A dor Para Sempre perseguia as pessoas mais lutadoras e mais felizes, por ter inveja do seu bem-estar.
Um dia a dor Para Sempre agarrou-se de tal modo a uma menina de 7 anos, que nunca mais a largou e raramente se agarrava a outra pessoa. Houve algo naquela menina que lhe havia chamado a atenção. Uma menina inocente, extremamente feliz no meio da sua grande família, chamava pais aos seus avós, corria e saltava pelos campos com os seus sapatinhos de veludo, oferecidos pela tia no Natal. Um dia, a dor Para Sempre trouxe uma coisa má para uma pessoa que a menina gostava muito, sem dó nem piedade, a dor arrastou toda a gente para esta coisa má.
A menina já não chamava pais aos avós, já não corria nem saltava com os seus sapatinhos de veludo.
A menina sentiu a dor de perder quem mais amava, Para Sempre.
E é uma dor contínua.

domingo, 3 de abril de 2011

Azedei.

Gosto tanto do Futebol Clube do Porto, assim como eu gosto de MERDA, literalmente.
Lamento, mas sigo de águia ao peito até ao fim dos meus dias.
E não! A vitória do Porto não foi, de todo, merecida.

Parabéns aos felizes contemplados por ganharem graças a luvas do Pintinho. É de homens com tomates, sim senhor!

sábado, 2 de abril de 2011

I'm coming home

Sentada, saboreava um pacote de batatas fritas daquelas light que não sabem a coisa nenhuma, e ouvia um murmúrio vindo das entranhas da minha cabeça. Pareciam pessoas a falarem ao mesmo tempo. Riam, brincavam com as palavras como se se quisessem agredir uns aos outros, gozando por não ouvirem o que fulano tal disse, segredando sobre o que aconteceu à Ti qualquer coisa na semana passada, elogiando o almoço que a cozinheira fez, perguntando no fim das refeições - Vai um cafézinho?, saindo para comer uma tangerina no jardim com o sol a bater na cara.
Ouvia e via tudo isto como se de facto estivesse a acontecer.
Levantei-me do sofá, mole como um alentejano antes de dormir a sesta, encostei-me à janela e deixei-me ficar, ouvindo todas aquelas vozes ao mesmo tempo. Procurava ver um pedaço de rio, um pedaço de uma das pontes, um pedaço da outra margem.
Foi então que percebi, que as vozes que ouvia eram recordações que trago todos os dias comigo, e que o que tinha... Eram saudades.

quinta-feira, 31 de março de 2011

We're taking your power!


É isto que me faz chegar bem disposta e cheia de energia, todos os dias (sobretudo manhãs), a Alcoitão. É também isto que alegra as noites cá em casa e faz esquecer tudo o resto lá fora.
We're taking your power!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Leila Margarida disse (02:28)25 Junho @ LISBOA - Centro Cultural de Belém
Ornatos ^^

A minha reacção: VOU MORRER! EU VOU! NÓS VAMOOOOOOOOS!
Temos de ir.

Duas bombas num só dia, meu rico coração aguenta-te =D

O que uma Scenic nos faz

Stress.
Estava eu muito descansada, a chegar-me à frente com a carrinha do meu rapaz, para iniciar a manobra de estacionamento, com pisca-pisca ligado e tudo certinho e direitinho, quando um gábiru se me enfia pelo buraquinho reservado à Scenic a dentro!
Quando a minha pessoa, abre furiosamente o vidro da janela para gritar "OLHE DESCULPE MAS EU IA ESTACIONAR AÍ!" e quem vê? Quem, quem? O João Manzarra.
Pior. Abre-se de tal modo uma fúria em mim, que eu ia sair do carro e armar a maior peixeirada possível com o dito cujo.
Mas o meu rapaz é uma pessoa que sabe manter a calma, e limitou-se a dizer "Deixa lá vamos procurar outro." e eu, continuando a refilar e a chamar todos os nomes possíveis e imaginários ao gajo que levantou o Abrunhosa, segui em frente à procura de outro lugar, rezando a todos os deuses que não me aparecesse outro marmanjo a gamar-me o lugar.
É caso para dizer: "Ai f*da-se!".
Fim.

domingo, 6 de março de 2011

Nunca gostei do Carnaval.
Há uma grande festa de Carnaval aqui perto, em Sines, mas nunca foi coisa que me despertasse qualquer tipo de interesse. Muito pelo contrário!
Quando era pequena, havia a tradição de o pessoal mai' novo juntar-se, sair à rua assustadoramente mascarado e ir bater a todas as portas e portinhas, para receber qualquer coisinha, dinheiro, comida, bebida, doces, fruta. Ora, acontece que essa juventude assustadoramente mascarada gostava de atormentar pequenotes como eu, logo, a minha pessoa encheu-se toda ela de medo dos mascarados, ao ponto de se esconder atrás das saias da bisavó e da avó, e da mãe a pôr, através da janela, dentro de casa porque eles estavam ali junto à porta prestes a aterrorizar as criancinhas.
Por isso, tomei tamanho medo a mascarados que ainda hoje se vir alguém com aquelas pinturas assustadoras ou máscaras de plástico sem olhos e mais não sei quantas, sou menina para desatar a gritar na hora.
No entanto,  esta altura do Carnaval sabe-me bastante bem porque, do dito cujo, derivam umas mini-férias que podem ser passadas aqui no meu Alentejo. Que maravilha!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Um Derby com Paixão


Este é provavelmente a melhor publicidade feita a um derby, em Portugal. Cada vez que o vejo, um arrepio atravessa-me o corpo, passa-me pelo coração que toda a vida bateu pelo vermelho e chega-me à alma que sempre voou como uma águia.
Hoje é mais um dia de nervos em franja, de suores frios, e de paixão, seja qual for o resultado.

A cidade está deserta
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas
Em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura
Ora amarga, ora doce
Para nos lembrar que o amor é uma doença
Quando nele julgamos ver a nossa cura!

Ouvi Dizer, Ornatos Violeta e Vítor Espadinha

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Para além da música potentíssima, ainda tem um videoclip de cortar a respiração



I was running into the cold light
Wondering where to go
To run away without you

All my fear is coming home
And it's ripped out from the soul
You can't be me, I will become you tonight

Pictures that I've been dreaming are coming down
They're changing my future
Visions I had buried underground
Returning to the future

I was wandering under black skies
Looking at what is mine
No control left to lose

Well, I thought that it wouldn't face me
But I'm worrying like a child, I feel so guilty
I'll make it up to you tonight

Pictures that I've been dreaming are coming down
They're changing my future
Visions I had buried underground
Returning to the future

The nightmares I've been having have arrived
The change in my future
The sounds of my creation at my door
How could you do this to her?

Pictures that I've been dreaming are coming sown
They're changing my future
Visions I had buried underground
Returning to the future.

Crush, Pendulum in Immersion, 2010

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O amor bate sempre à nossa porta

     Hoje é dia de ser especialmente feliz! - pensava Ela enquanto comia scones com doce de cenoura, acompanhando com um chá de mel e canela.
     A vida corria-lhe bem. Tinha acabado de lançar um livro sobre tudo o que sabia e não sabia sobre o amor. Ela própria sabia que naquele livro mentia com todos os dentes que tinha. Dizia que o amor passava por várias fases, sendo que nunca se desgastava quando era verdadeiro, mas Ela nunca tinha vivido um amor, não podendo comprovar tudo o que dizia. Por isso mentia.
     Dizia Amo-te a quem queria dizer Até gosto de ti. Beijava quando só queria abraçar. Chorava quando as relações acabavam quando realmente queria sorrir e dizer Finalmente estou livre! Mas havia uma coisa que Ela sabia sobre o amor: - Não tenho de o procurar, na altura certa, no momento exacto, ele baterá à minha porta. Ela sabia que as pessoas procuravam o amor, e ele fugia-lhes, ou então durava pouco. Ela queria ser a princesa dos sonhos de alguém, e queria que isso durasse toda uma vida.
     Depois de comer o último scone, foi até casa, pensando que aquele dia seria só dela. Iria arranjar-se, vestir o seu melhor vestido, os seus sapatos mais caros e maquilhar-se naturalmente, para ela, para mais ninguém. Ao chegar a casa, pôs a sua mala no sofá de pele que a sua mãe lhe oferecera no Natal e a campainha tocou.
     Era o amor que lhe estava a bater à porta. Mal Ela sabia que o amor sempre estivera a seu lado, sempre fora seu vizinho. Cumprimentou-o com um brilho especial nos olhos, tal como o cumprimentava todos os dias, mas naquele dia soube que tinha sido realmente o amor que lhe batera à porta.
     De facto, naquele dia Ela foi especialmente feliz e aprendeu algo mais sobre o amor.
     Cedo ou tarde, o amor bate sempre à nossa porta, e às vezes, está mesmo à nossa beira.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Summer Time

Hoje comecei a aprender a ser mãe (para pôr em prática daqui a uns longos anos), que é como quem diz, tive a primeira aula de Pediatria. A professora tem um ar tão maternal e pelo menos a mim, soube cativar a minha atenção durante quase duas horas. O tema desta cadeira, diga-se, também ajuda bastante. Só faltam os Nenucos para praticarmos!

Tive uma imensa saudade de maquilhar alguém, como fazia no Verão sempre que ia sair com amigos ou simplesmente tomar um café no Clube de Ténis ou a outro sítio qualquer. Maquilhava-me e maquilhava algumas das minhas amigas. Na viagem de Finalistas isso também acontecia, todas as noites. Tenho saudades de festa. Tenho saudades de Verão. Quero chegar ao meu Alentejo e ser Verão, ver o mar da janela do meu quarto e dizer-lhe "Espera, vou já ter contigo!" e passar o dia inteiro na praia. Ir à Samoqueira e demorar uma hora a entrar na água. Ir a São Torpes apreciar surfistas (a arte em si, 'tá?) e comer areia quando há vento. Ir a Porto Covo comer um gelado na Marquês. Chegar a casa e dizer "Mãe, apanhei um escaldão" e ouvir um "Ai, ai, ai!" como se ainda tivesse 8 anos. Receber uma mensagem a dizer "Comé? Vamos beber um cafézinho?" e com o dito escaldão, vestir a menor quantidade de roupa possível e ir.
E ir... Vem depressa Verão, bem depressa, que eu já não posso com este Inverno Lisboeta!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Zé Povinho

Hoje, estou pior que estragada.
Acho muito bem que os funcionários da CP usufruam do direito à greve, que todos nós temos, já que vivemos num Estado Democrático, mas há limites, meus senhores! Está mais que visto que não é o excelentíssimo senhor engenheiro Sócrates que os meus senhores chateiam, e também está provado que por mais greves que façam a desgraça em que caímos continua. Resultado: acabam por chatear quem quer e precisa trabalhar, e quem quer e precisa estudar para mais tarde trabalhar. Lá por pertencermos à geração "À Rasca" não significa que queiramos ficar repastelados no sofá à espera que os estudos e os empregos venham ter connosco. Acontece que as ajudas que temos ultimamente são nulas. Zerinhos.
Hoje perdi duas aulas importantes porque não haviam comboios, e não tinha outra alternativa para ir até Alcoitão. Ontem tive uma sorte enorme, assim que cheguei à estação estava um comboio a partir, e não partia um há mais ou menos 3 horas. Era notória a falta de paciência e o aborrecimento das pessoas que iam no mesmo comboio que eu. Tal poderia ser entendida em frases como "Andamos nós a pagar o passe e depois não nos garantem serviço", "A minha patroa já me disse que ia descontar no ordenado, até parece que tenho culpa", "Estive 3 horas à espera que um comboio passasse". E com tanta falta de paciência, as pessoas acabam por serem extremamente mal-educadas e perderem todo o civismo que se espera de um ser vivo dito racional.
E agora Senhor Engenheiro? Eu não quero ficar com uma licenciatura como a sua. Nem eu, nem ninguém.
Como diz o meu pai - É sempre o Zé Povinho que fica a arder!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Regresso à rotina

E pronto, regressamos à casa fria onde o único som que se ouve é o da televisão, o da minha voz quando ligo aos papás e a loiça quando a estou a lavar e arrumar. Nada mudou.
Mas pelo menos saí de cabeça erguida do meu quarto de paredes cor-de-rosa forte e lilás, para este de edredon preto, paredes brancas e uma fotografia na parede que a Babe me tirou há uns valentes anos atrás. Sinto-me bem por saber que lá por casa tudo estabilizou, toda a gente ficou bem e voltamos os três ao trabalho amanhã. Não poderia querer absolutamente mais nada, só isto que tenho, eles ficaram bem, eu também estou bem.
A minha bisavó ficou a chorar, mas também ela chora quando eu venho para Lisboa e quando chego de Lisboa. Convidei-a para vir comigo passar esta semaninha, a resposta foi - Se eu fosse mai' nova ias ver se não ia! Mas assim não, filha. Pois 'vó - disse-lhe eu - Eu venho logo na sexta, a semana passa depressa. Enganei-a a ela e enganei-me a mim. Acreditámos as duas no que eu disse.

E agora vou mudar de assunto assim muito repentinamente. Ah e tal críticas para aqui e para ali por que nas universidades privadas "compram-se notas" e "têm a vida facilitada". Ai se eu voltasse a ver quem me disse isto no ano passado e em anos anteriores... Lavava-lhes a boca com sabão azul antes de falarem! Há quem goze um mês de férias entre os semestres, e há quem goze um fim-de-semana. Atenção que não me estou a queixar! Estou apenas a constatar um facto. Estou bastante bem assim. Não sei explicar isto muito bem, mas anda-me aqui um bichinho chamado Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem, apelidado de PDL, a esmiuçar-me o sistema. Então não é que aquilo anda a despertar a minha motivação? Não é só pelo facto de termos estágio e de usarmos umas fardas lindas e maravilhosas que vieram directamente de Santo Tirso, é o próprio nome da coisa, "Perturbações da Linguagem". É uma coisa que me enche o olho. Não é algo como, "Sociedade, Saúde e Doença", isto enche o olho a alguém? Duvido. Mas PDL é assim daquelas coisas que se quer, e ajudando a isso, parece que é uma professora fantástica que tivemos no 1ºSemestre que vai ensinar a coisa. UAU! BOA! ESTOU TODA ENTUSIASMADA OUTRA VEZ! =D
Outra coisa que também me encheu o olhito foi "Pediatria", parece que serve para aprendermos a ser mamãs....... Daqui a muitos longos e largos anos! Cheira-me que isto até Junho vai ser bem mais interessante!

E agora vou para a cama porque esta casa é fria, e amanhã tenho que sair do quentinho da caminha às 6h da matina. Vou agarrar-me à Kim e ao Musti, e ver o Portugal Tem Talento, a ver se é hoje que o meu amigo violinista aparece todo pimpão! =P

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

De maneiras que...

Isto acabou, e acabou mal. O ponto da situação respeitante ao 1ºSemestre poderá ser descrivido num só adjectivo: Desastroso.
Domingo começa o massacre novamente. Malas para aqui, malas para ali, tarefas domésticas, tarefas escolares, quase 4 horas diárias em transportes públicos...

Só não desisto porque a minha mãe não deixa e o meu pai não quer.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sem retorno

Demasiado azar num tão curto espaço de tempo. Não conto a ninguém, porque é quase impossível acreditar. Eu própria não acredito muito bem que isto tudo está a acontecer, por isso mesmo não conto a ninguém. Ainda sou capaz de ouvir "Ah está a arranjar desculpas para isto ou aquilo" e já me basta tudo o que se tem passado, só me falta mesmo bestas mesquinhas ou outro nome qualquer que essas pessoas têm. Até porque eu sou a primeira pessoa a querer paz na minha vida e na dos que me rodeiam. Como devem imaginar não gosto de estar mal, não gosto de chorar, não gosto de ver os outros chorar, não gosto de sair de casa por coisas más, gosto de ser feliz e de ver os outros felizes. Ao contrário de muita gente que por aí anda. Tenho dito.
Mau olhado, bruxaria, azar... Uma merda qualquer dessas. Mas já chega... Por favor já chega... Não sou capaz de aguentar tudo isto, esteja sozinha ou acompanhada, é demais para qualquer pessoa que se ache muito forte...
Se isto não passar sou mesmo obrigada a ficar aqui de vez e desistir de tudo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

"E o buro sou sou?"

Bingo. Sou eu. Passo um dia inteiro agarrada, literalmente, a anatomia, a estudar o aparelho auditivo. A coisa corria bem até ao momento em que parei e pensei - Vou dizer a matéria, para ver se já sei isto tudo. Quando dou por mim, não sei nada. De um dia inteiro de estudo, de umas miseráveis 14 páginas, o que ficou foi que na parte petrosa do temporal estão os órgãos do equilíbrio e da audição e que neste último se distingue o ouvido externo, o médio e o interno. Sei que o nervo estato-acústico é o III Par Craneano e que uma das funções do sistema vestibular é a percepção de movimentos da cabeça. Como é óbvio, comecei a entrar em pânico visto que já estou a estudar à não sei quanto tempo e as coisas não entram. Muito bom, muito bom. Como comecei a panicar, e como já é habitual, sentei-me à janela do meu quarto a chorar que nem um bebé acabado de nascer, liguei à R. (um domingo, caramba! Desculpe :S) Como já vai sendo hábito, ela diz-me sempre o mesmo: - Tu já achas, ou melhor, tens a certeza que não vais conseguir, e como estás a pensar que não vais conseguir não te consegues concentrar e as coisas não te entram nessa cabeça dura. Toma e embrulha mulher, ouves isto todos os dias e mesmo assim não mudas!
Mas onde raio é que eu me vim meter?! Até em coisas que ouvi um ano inteiro da boca da Mimosa, e que era a minha disciplina preferida, agora tiro uma fucking nota, tipo...
Em relação a anatomia, será que há alguém que sabe mesmo aquilo tudo? Origens, terminações, funções e afins, tudo ali na ponta da língua? Talvez seja possível, mas não para mim. De todo!
Melhoras nem uma. Isto está bonito está... Amanhã ligo à R. outra vez, e terça tenho de passar por lá. Preciso mesmo...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Desabafos

Pelo meio de planos sagitais, de trompas de Eustáquio, de miocárdios e ventrículos, de dentes, de músculos, de pares craneanos, de formações reticulares, laringes, faringes, e afins... Dou por mim a pensar em como a minha vida mudou em apenas 4 meses. Mudei de casa, tornei-me dona de casa a tempo inteiro, sou caloira da melhor escola de re-habilitação do país, pelo menos a nível de prestígio, os ares poluídos de Lisboa fizeram-me de tal maneira mal que consegui passar metade destes 4 meses ou a gastar um maço de lenços por dia, ou a vomitar. Meus belos ares alentejanos, montes verdes e semeados, o mar ao fundo no horizonte, visto da janela do meu quarto.
Mas quando eu pensei que as coisas não poderiam correr pior, começam mesmo a correr. Foi como se tudo caísse aos meus pés e eu não tivesse força para levantar tudo sozinha. Às vezes, temos de deixar de ser filhas, e passar a ser mães das nossas mães. Julguei que era realmente o fim de tudo, o fim de um sonho que se havia tornado um pesadelo, o fim da minha restante sanidade mental. Aos poucos, muito lentamente, tudo se começou a recompôr, é certo que com ajuda externa, mas isso é um pormenor à parte.
Falta ainda muito para que tudo volte à tranquilidade normal, mas ver que tudo melhora, mesmo que seja pouco dia sim dia não, já me deixa feliz e com vontade de continuar.
Só peço que as coisas comecem a correr ligeiramente melhor a partir de dia 14, que não precise de tantos lenços nem para o nariz, nem para os olhos, que a força de vontade que eu tenho neste momento não seja abanada novamente por factores exteriores, e que... Sejamos todos muito felizes :').

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Zero ponto dois


=O A águia esmagou o dragón! Não posso deixar de dizer que é bem-feita, para não terem a mania que são os máiores e que ganham tudo e todos. Tenho um enorme respeito pelo Sporting, sobretudo pela má fase pela qual estão a passar e mesmo assim continuam na luta pelo título, mas o Porto... Não consigo. A minha pessoa não se consegue conter em relação ao F.C.P. Do Porto só marcha mesmo a francesinha. Peço desculpa.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Gosto#1

Gosto tanto, mas tanto de ir muito descansada no carro, a aproximadamente 60km/h, e de repente encontrar um quadriciclo, o chamado porra-velhos, mesmo ao meio da estrada! E quando nós queremos ultrapassar o dito cujo, este ainda se manda mais para outro lado. Boa.
Mas para além disso, ainda gosto mais quando as pessoas não fazem pisca nas rotundas e nós temos de adivinhar para onde os excelentíssimos desejam ir.
Adoro mesmo.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma porta e uma janela

     Todas as histórias começam por Era uma vez... Esta será mais uma dessas histórias que começam por Era uma vez... Todas essas histórias que começam por Era uma vez... têm um final feliz. Esta, que também irá começar por Era uma vez... Talvez não tenha um final feliz, porque talvez se desconheça ainda o seu final.

     Era uma vez... Uma menina sonhadora que falava com as mãos. Ela sonhava em falar com as mãos toda a sua vida, e acima de tudo, sonhava que toda a gente a pudesse compreender sem qualquer tipo de esforço ou comentários desagradáveis - O que é que ela está p'rali a dizer? Será que nos está a pedir alguma coisa? Se calhar até nos está a chamar de estúpidos e nós nem sabemos.
     A menina chorava toda a noite agarrada a uma tartaruga de peluche que a tia lhe tinha oferecido no Natal passado. A menina sentia que o seu peluche era o único amigo que tinha, pois sem ser os seus pais, era o único que a compreendia.
     Ela contava-lhe todos os seus sonhos falando com as mãos, e parecia que a tartaruga lhe sorria quando os seus olhos brilhavam como duas estrelas cadentes numa noite escura. Certo dia contou-lhe o que gostava de ser quando fosse grande - Cantora. Nesse dia, a tartaruga não sorriu. A menina pensava que podia cantar com as mãos, tal como falava, e que toda a gente podia percebê-la e cantar com ela. Mais tarde, nesse mesmo dia, a menina deitou-se e abraçou a tartaruga com tanta força que quase lhe saltavam as patas de trás! Pousou-a no seu colo e disse-lhe com as mãos - Nunca vou poder seguir os meus sonhos, pois não? Não achas que as pessoas deviam falar com as mãos? Elas são todas diferentes de mim. Nessa noite a tartaruga chorou em vez de sorrir, porque sabia que não eram as outras pessoas que eram diferentes, era a menina que era diferente de todas as pessoas. Por ser diferente, era especial.
     A menina ia crescendo, continuando a sonhar, continuando a falar com as mãos, continuando a não ser compreendida.
     Um dia a menina sentou-se em frente à televisão e reparou que alguém falava com as mãos. A menina esboçou o maior sorriso que algum dia fez em toda a sua vida! Correu para os braços da mãe com a tartaruga debaixo do braço e gritou com as mãos - Mãe, mãe! Na televisão falam com as mãos tal como eu! Afinal as pessoas não são diferentes, há pessoas como eu. A mãe sorriu e disse-lhe com a voz - Pois é, meu amor, pois é... e a menina logo a interpelou - Então mãe, porque não me respondes? Não tenho razão? Já posso cantar com as mãos, as pessoas vão entender-me.
     A menina voltou a sonhar alto, crescia e sonhava cada vez mais alto! Os horizontes alargavam-se, as mãos falavam cada vez mais depressa, o sorriso era cada vez maior, mas no fundo, as pessoas que não eram diferentes e que falavam com as mãos continuavam a ser muito poucas.
     A menina cresceu e tornou-se mulher. Não realizou o seu sonho de cantar com as mãos, nem o sonho de ser compreendida por todas as pessoas que ela achava diferentes. Cresceu, e tal como a tartaruga o sabia naquela noite em que não sorriu, a menina-mulher percebeu que era ela que era diferente.
     Sentava-se à janela do seu quarto e cantava com as mãos, fingindo ter uma plateia enorme a aplaudi-la e cantando com ela as suas canções que ela própria produzira. A porta do seu quarto estava sempre aberta enquanto ela imaginava o seu pequeno grande sonho de infância. Às vezes, desatava a correr porta fora até ao jardim que ficava em frente à sua casa e chorava.
     Chorava, e ninguém a ouvia chorar.
     Cantava, e ninguém a ouvia cantar.
     Só a tartaruga a ouvia.

Um novo começo.

Fechado o Purpuramente à tanto tempo, já sentia saudades de ter um cantinho como este, só meu.
Veremos quanto tempo este dura.

We are walking on a thin line.