Muita especulação existe há volta do acidente do Angélico Vieira. Usou ou não usou cinto de segurança, abusou ou não da velocidade, ingeriu ou não qualquer tipo de drogas ou álcool, rebentou um pneu. Tudo se diz, tudo se confirma (supostamente), mas a verdade só ele saberia dizer.
Também já rebentaram dois pneus à minha mãe. Da primeira, como o carro estava com excesso de peso, o carro não se descontrolou e foi abaixo, quase como se ficasse pregado ao chão. Da segunda vez, ela não ia a mais que 40km/h, o pneu rebentou e o carro começou a descontrolar-se. Acontece que o primeiro reflexo que qualquer pessoa tem é mandar o pé ao travão e travar, e segundo consta isso é das piores coisas que podemos fazer. Ela limitou-se a tirar o pé do acelerador e tentar controlar o carro até este parar. E assim não capotou, mas não ganhou para o susto.
Em relação ao cinto de segurança, confesso que me faz uma extrema impressão conduzir sem cinto, parece que não estou pronta para começar a andar, falta-me um passo e dá-me a sensação que o carro não está pronto para andar. As minhas avós têm muita mania de não pôr o cinto, só porque "Ah, a guarda não 'tá na estrada até Santiago" mas a questão não é a guarda. É uma travagem brusca que seja necessário fazer e a segurança que elas têm é zero. Já sabem que quando andam comigo no carro, não o ligo enquanto elas não tiverem o cinto posto.
Em relação ao excesso de velocidade, lembro-me que quando tirei a carta tinha um pé bem pesado, onde devia andar a 50km/h andava a 80, quando devia andar a 90km/h andava a 120, e quando devia andar a 120km/h lembro-me que uma vez já ia a 170. Mas isso era quando eu ainda não tinha visto metade daquilo que as pessoas que conduzem são capazes de fazer, tal como ultrapassar num traço duplo continuo, eu estar a chegar a um cruzamento e um carro atravessar-se completamente à minha frente, e tantas outras coisas que tenho a certeza que toda a gente que conduz observa, sobretudo a falta de civismo das pessoas. Agora, tento respeitar os limites, sobretudo se levar pessoas comigo. Sou mais descuidada quando estou sozinha ao volante. Ponho os meus CD's de drum'n'bass, pé no acelerador e siga. Mas mesmo assim, sou mais contida na velocidade.
Cada vez que pego no carro o meu pai diz-me "Cada vez que pegas no carro sinto um calafrio na espinha, não é por ti que não conduzes mal, é pelos outros que andam por aí".
Sempre disse que não sei lidar com a morte, ninguém me ensinou. Mas sei que a morte deve ser natural, e ninguém merece uma morte que não o seja.
Só posso dizer que ele tenha muita paz. Ele, e o outro rapaz que morreu e que ninguém fala na televisão.
Muita paz, muita tranquilidade...
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